A inflação na zona do euro tem desacelerado, porém continua “persistentemente alta” e só deve retornar à meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE) em meados de 2025, avalia o Fundo Monetário Internacional (FMI), em relatório divulgado nesta sexta-feira (16).
Segundo a instituição, o banco central do bloco deve continuar o aperto da política monetária até um nível suficientemente restritivo e manter as taxas por um período prolongado para que este cenário se realize.
“Estas ações serão necessárias para manter as expectativas inflacionárias ancoradas e conquistar o retorno à meta de forma sustentada”, aponta o relatório, considerando que a redução da inflação também dependeria da moderação no crescimento de salários e preços de importação.
Desta forma, o BCE poderia manter a flexibilidade e dependência de dados a cada decisão, mudando o curso conforme for necessário nos próximos anos.
Na visão do FMI, a inflação desacelerou de maneira acentuada desde o quarto trimestre de 2022, com a redução nos preços de energia.
A persistência observada no núcleo, que exclui itens voláteis, reflete agora o atraso na transmissão dos preços mais baixos de energia e commodities para os consumidores, enquanto empresas tentam proteger ou ampliar ganhos.
Os riscos de alta da inflação, contudo, são apenas uma parte das elevadas incertezas que a zona do euro enfrenta. Segundo o relatório, o bloco também corre riscos de baixa no crescimento da atividade econômica, embora este seja o cenário menos provável.
O FMI projeta que o crescimento da zona do euro volte acelerar gradualmente em 2023 e 2024, depois do Produto Interno Bruto (PIB) registrar “enfraquecimento considerável” no final do ano passado e entrar em recessão técnica no primeiro trimestre deste ano.
“O crescimento será apoiado pela recuperação lenta na renda real, pelo arrefecimento nas pressões de oferta e pela demanda externa firme”, prevê a instituição.
Neste cenário, os riscos ao crescimento estão atrelados à inflação, possibilidade de desaceleração econômica nos Estados Unidos e na China – as duas maiores economias do planeta e principais parceiras comerciais da União Europeia — ou de renovação das turbulências bancárias.
Todos estes fatores poderiam pesar sobre a demanda doméstica ou externa e, assim, prejudicar a atividade econômica europeia.
O FMI ressalta que o sistema bancário europeu tem demonstrado resiliência, mas alerta que o aperto monetário para controlar a inflação pode expor novas vulnerabilidades. A instituição recomenda testes de estresse contínuos e monitoramento do crédito bancário, taxas de juros e riscos de liquidez, inclusive sobre bancos “pouco significantes”.
Além disso, o documento reforça a importância da implementação completa da Basileia III à medida que “eventos fora da Europa apontam para o perigo da implementação seletiva de regulações bancárias”.
Leia mais
Produção industrial na zona do euro cresce 1% em abril, diz Eurostat
Bolsas da Europa fecham em baixa na maioria após aumento de juros pelo BCE
BCE ainda não pensa em pausa no aperto monetário, diz Lagarde
Políticas fiscais
Entre as prioridades para recuperação econômica do bloco, o FMI elenca como destaque a necessidade de um acordo e de reformas relativas à governança fiscal na União Europeia, tendo em vista o crescimento acentuado da dívida pública desde 2020.
“A proposta legislativa da Comissão Europeia para a reforma de governança econômica promoveria de forma apropriada um ajuste fiscal de médio prazo diferenciado e baseado no risco”, pontua o documento.
A instituição também recomenda a criação de um Conselho Fiscal Europeu Independente para adicionar credibilidade ao processo, fortalecendo a estrutura de estabilização macroeconômica e provisão de bens públicos.
“É vital que se chegue logo a um acordo para que a nova estrutura possa ancorar as políticas fiscais em 2025 e além”, conclui o FMI.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Inflação só deve retornar à meta na zona do euro em 2025, prevê FMI no site CNN Brasil.
Europa – Notícias e tudo sobre | CNN Brasil