A primeira sessão plenária do Parlamento Europeu após as eleições de junho abordará temas cruciais, como a eleição de Roberta Metsola e Ursula von der Leyen, além do apoio contínuo à Ucrânia. A sessão, que ocorrerá em Estrasburgo, marca o início da 10ª legislatura e a tomada de posse dos 720 eurodeputados recém-eleitos.
Novo Cenário Político
As eleições de junho resultaram em uma composição parlamentar mais diversificada, com um aumento significativo de eurodeputados ultraconservadores e de extrema-direita. Este novo cenário apresenta um desafio para os partidos centristas pró-europeus, que, embora mantenham a maioria, enfrentam a possibilidade de uma maior polarização que pode afetar a eficácia legislativa do bloco.
Entre os novos grupos, destaca-se a Europa das Nações Soberanas (ENS), composta por 25 eurodeputados com políticas contrárias à migração, direitos LGBT, feminismo, Pacto Ecológico, vacinação e apoio militar à Ucrânia. Este grupo se junta aos Patriotas pela Europa, que inclui partidos como o União Nacional (França), Fidesz (Hungria), Lega (Itália) e o Partido da Liberdade da Áustria, formando a terceira maior bancada com 84 membros.
A dinâmica entre esses grupos e os partidos centristas será um teste para o cordão sanitário que até agora excluiu a extrema-direita de posições de destaque no Parlamento, como vice-presidências e presidências de comissões.
Agenda da Primeira Sessão
Terça-feira: Eleição de Roberta Metsola A sessão começa com a eleição do presidente do Parlamento para os próximos dois anos e meio. Roberta Metsola, do Partido Popular Europeu (PPE), é a única candidata anunciada. Reconhecida por sua moderação e bom desempenho, sua reeleição é praticamente certa, embora a bancada de Esquerda possa apresentar um candidato alternativo simbolicamente.
Após a eleição do presidente, serão escolhidos os 14 vice-presidentes, distribuídos entre os principais partidos moderados. A eficácia do cordão sanitário será testada pela tentativa da extrema-direita de assegurar um desses cargos.
Quarta-feira: Apoio à Ucrânia e Repreensão a Orbán O Parlamento pretende reafirmar seu apoio à Ucrânia, aprovando uma resolução que instiga os Estados-membros a intensificar a assistência militar e avançar no processo de adesão do país à UE. Este movimento é uma resposta às visitas controversas do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán à Rússia e China, que geraram críticas dentro da UE.
Além disso, será votado o número de eurodeputados em cada comissão permanente, subcomissão e delegação, com as decisões sobre as presidências dessas comissões a partir de 22 de julho.
Quinta-feira: Votação sobre Ursula von der Leyen A votação sobre o segundo mandato de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia é o ponto alto da semana. Embora nomeada pelo Conselho Europeu, ela enfrenta exigências de apoio condicionado por parte dos socialistas e liberais, que querem inclusão de suas prioridades no programa de governo.
Dentro de seu próprio partido, o PPE, não há consenso absoluto, o que torna vital a obtenção de apoio de outros partidos. Os Verdes também pretendem aproveitar a sessão para expressar críticas, apesar de reconhecerem suas conquistas no Pacto Ecológico.
O discurso de Ursula von der Leyen, previsto para quinta-feira, delineará suas prioridades e iniciativas para o potencial segundo mandato até 2029. A decisão do Tribunal de Justiça Europeu sobre o acesso a informações relacionadas aos contratos de vacinas da Covid-19 pode influenciar o resultado da votação.
Se Ursula von der Leyen não alcançar os 361 votos necessários, os líderes da UE terão um mês para propor um novo candidato, possivelmente reabrindo todo o acordo sobre os cargos de topo, incluindo as posições de António Costa e Kaja Kallas.